Começou quando quis uns jeans que não me apertassem, finalmente.
Fui às lojas do costume, supus que tinha engordado, a verdade é que me sentia apertada com as calças de ganga que tinha em casa.
Na loja dizem-me: ‘Hmm, acho que é um M. Ora experimente.’
Ainda tentei insistir que achava que não, que tinha esse tamanho em casa. E que esse tamanho de momento não me servia.
‘Mas ok, eu experimento.’
Chamei a menina da loja e disse-lhe, humilhada, dentro das calças bastante apertadas: ‘Como vê, eu não sou um M.’
Pedi o tamanho acima, o tamanho acima não ficava redondinho nem justo nem revelador – mas o tamanho acima era o meu tamanho.
Eu respirava no tamanho acima. Eu mexia-me no tamanho acima. Eu estava confortável no tamanho acima.
Ainda ouvi um: ‘Mas olhe que elas alargam, acho que devia levar o M’.
Respondi a rosnar: ‘Eu só quero umas calças que me sirvam, ok?’
*Acho que a roupa, e a nossa relação com ela, diz muito mais do que pensamos sobre nós e sobre como vemos os nossos corpos.
É herança, e são coisas que desvendamos e que escondemos. Somos nós a projectar o que queremos que pensem de nós.
Eu não visto o M, e respiro (literalmente) melhor desde que o admiti.