
Não estou a exagerar. Dê-me 5 minutos e talvez ganhe anos.
Quando pensa num ataque cardíaco (enfarte do miocárdio), que imagem lhe vem à cabeça? Provavelmente imagina um homem de meia-idade com dores no peito ou agarrado ao braço esquerdo.
Pois… só que as mulheres (de todas as idades, mas sobretudo depois da menopausa) também têm ataques cardíacos.
O problema é que não só elas tendem a desvalorizar os sintomas – porque não os reconhecem e/ou porque estão habituadas a «fazer-se de fortes» – como os próprios médicos também os desvalorizam.
Assim, recapitulemos os sintomas mais comuns:
- Dor na forma de aperto, sensação de peso ou pressão no centro do peito (que pode irradiar para as costas, braço esquerdo, maxilar ou pescoço).
- Respiração irregular e rápida, tal como o ritmo cardíaco.
- Tonturas, fraqueza, náuseas e vómitos, suores frios e uma sensação de pânico.
Os sintomas são quase sempre os mesmos em homens e mulheres.* No entanto, elas têm taxas de sobrevivência mais baixas, porque:
– As mulheres demoram mais a pedir ajuda – um estudo mostrou que elas demoram em média 54 horas a fazê-lo, o que contrasta com as 16 horas dos homens (mais depressa uma mulher incita o marido a ir ao hospital do que vai ela quando precisa…) E, claro, quanto mais tempo o paciente passar sem receber cuidados, menores serão as possibilidades de recuperação.
– Quando chegam ao hospital, as mulheres podem deparar com médicos que desvalorizam os seus relatos por preconceito (“as mulheres são umas exageradas”/”esta é uma doença de homens”) ou que não fazem as prescrições adequadas.
Assim, todas as mulheres devem ter bem presente a sintomatologia destes casos e, claro, a força para se fazerem ouvir perante indivíduos de bata branca.
Nunca deixem que vos convençam de que não estão a sentir aquilo que sentem.
As doenças do aparelho circulatório continuam a ser principal causa de morte em Portugal – afectando tanto homens como mulheres.
Agora, por favor, espalhem a mensagem.
PS: Nunca vermos ataques cardíacos de mulheres retratados na televisão e na cultura em geral é um problema. Se tiverem oportunidade, retratem uma mulher a ter um ataque de coração verosímil num filme/numa série de TV/num livro/etc. em cuja criação estejam envolvidos. Precisamos desesperadamente dessas representações para nos servirem de referência. (Já agora, sabiam que os homens também podem ter cancro mamário? Pois.)
* Alguns estudos demonstraram que certos sintomas «atípicos», como náuseas e tonturas, ocorrem com mais frequência em pacientes do sexo feminino do que masculino, mas outros estudos mostraram que não, que os sintomas são mais frequentemente os mesmos, não fazendo sentido separá-los em «sintomas de homens» e «sintomas de mulheres».
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